segunda-feira, 6 de junho de 2016

Artigo de junho de 2016 - Padre Aparecido Neres Santana

Comunidade de discípulos, lugar do amor e perdão.

Em continuidade ao ‘caminho do discipulado’, apresentado nos últimos artigos, refletiremos neste à luz do Evangelho de Lucas 7, 36-50, referente ao 11° Domingo do Tempo Comum. Este Evangelho nos apresenta uma cena querigmática bastante forte: “Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora... trouxe um frasco de alabastro com perfume, e, ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com perfume” (Lc 37-38). Esta mulher tomou a decisão de encontrar-se com Jesus. A ação é toda dela. O ato de ajoelhar-se (postura de pecadora) mostra a confiança total, no perdão de Jesus. Jesus a acolhe dizendo: “Os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela mostrou muito amor” (Lc 7,47). A rigor, Jesus quebra a regra do legalismo religioso. Na lei judaica o homem não podia falar com uma mulher, e menos ainda com uma pecadora publica, isto é, uma prostituta. Jesus provoca respostas fortes de amor, como na parábola do Filho Pródigo, onde o Pai não pergunta pelos pecados do filho, mas o acolhe com beijos (Lc 15,20), assim também Jesus não faz questionamentos! E mais surpreendente ainda, Jesus a coloca como exemplo para o religioso Simão, que se achava um “homem justo”, ele que era Fariseu (que quer dizer separado, que não se mistura, que discrimina segundo o legalismo da lei judaica do puro e impuro). Jesus o adverte: “Ela me banhou os pés, enxugou-os com os cabelos, beijou meus pés e ungiu com perfume, e você não fez nada disso” (Lc 7, 44-46). Percebemos assim a importância, na comunidade dos discípulos, de não se fechar, de não excluir ninguém e não julgar – “Se ele soubesse que é uma pecadora...” (Lc 7,39) - mas acolher por inteiro o outro, no sentido de deixá-lo assumir tarefas na comunidade, de estar sempre a serviço para “lavar, banhar e enxugar os pés”, ter sempre a postura de servo, do discípulo-missionário. Acolher o irmão mais novo, que chega na comunidade, é abrir não somente a porta do templo, mas de “ajoelhar-se e beijar-lhe os pés”, abrir-lhe a porta do coração e fazê-lo irmão, discípulo missionário.

Aprofundamento a partir da palavra de Deus: Somente a pessoa que se sente amada, acolhida e perdoada é capaz de assumir atitudes novas em sintonia com o Projeto de Jesus (Cf. Lc 4,16ss). Diante dessa temática, analisando nossa vivência comunitária, qual é a real situação em que nos encontramos: nossas atitudes são da mulher pecadora que se converte ou de Simão, o Fariseu? E em nossa comunidade, quais são as atitudes que mais causam exclusão nos dias de hoje?


Padre Aparecido Neres Santana, CSS - Assessor Eclesiastico da Comissão para à Animação Bíblico-Catequetica Diocese de Santos